sábado, 24 de dezembro de 2011

Abusou das dívidas? Renegocie para pagar menos juros em 2012

Com dez cartões de crédito, dona de casa chegou a dever R$ 300 mil.
Negociação ruim pode multiplicar dívida; saiba evitar armadilhas.

Ligia Guimarães Do G1, em São Paulo
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A dona de casa Dora Teixeira, 54 anos, de Porto Alegre (RS), aprendeu na prática que renegociar uma dívida atrasada pode ser difícil e custar caro. Ela passou pela experiência depois de chegar a dever cerca de R$ 300 mil, entre financiamentos de um sítio para a família, empréstimos pessoais e cartões de crédito.
A dívida começou pequena, com uma sequência de pequenos atos que, hoje, ela avalia como erros: empréstimos pessoais, saques e compras em cerca de dez cartões de cartão de crédito. Por vezes, sacava dinheiro de um cartão para pagar outro. Quando se deu conta do problema e tentou, sozinha, conversar com os credores para parcelar o montante, viu a dívida se multiplicar por causa dos juros altos cobrados no acordo de renegociação.
“Fui multiplicando a dívida nesses acordos. Um cartão com fatura de R$ 3 mil em aberto, eu ia renegociar e subia para R$ 15 mil. Mas aí foi chegando nesse valor absurdo”, conta Dora, que decidiu pedir ajuda a um advogado quando o montante chegou perto dos R$ 300 mil.
A dona de casa, que perdeu noites de sono por causa da dívida, conta que a ansiedade de querer finalmente pagar o que devia fazia com que ela aceitasse acordos precipitadamente com os credores para, no mês seguinte, perceber que não teria condições de honrar as parcelas.

"Eu queria resolver o problema, então qualquer coisa que o banco propunha eu aceitava. Não dormia, não podia me sentir uma pessoa caloteira. Eu não sabia colocar no papel o quanto eu ganho, o quanto eu gasto e o quanto sobra, que é o tanto que eu posso usar para pagar as dívidas. Hoje eu aprendi a fazer um roteiro, anotar tudo que eu gasto, e comparar", comemora Dora, cuja dívida hoje caiu para R$ 100 mil, ainda pesada para a renda média mensal de R$ 2 mil.
Depois de cortar radicalmente os gastos de lazer, procurar atividades para aumentar a renda e mudar os hábitos financeiros de toda a família, ela diz que aprender a usar o crédito mudou sua vida de muitas maneiras. "Até minha filha entendeu. Falei para ela que eu errei, mas que o importante era que estamos juntas", diz. A menina já aprende a lidar com dinheiro desde pequena. "Ela quer uma Barbie de aniversário. No começo do ano combinei que ela ia juntar do dinheirinho que ganha da madrinha, meu, e que em outubro eu complementaria o que faltasse e esse seria o meu presente. Quando chegou a data, dei R$ 24, ela foi à loja, comprou e ficou muito feliz, satisfeita", comemora a mãe.
A dificuldade para resolver dívidas acumuladas que atrapalhou Dora é comum, na avaliação do assessor econômico da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida. "O brasileiro não sabe negociar suas dívidas", diz o especialista. Ele explica que manter um bom nome na praça ajuda inclusive a se pagar juros menores quando precisar de um novo empréstimo. (Veja no vídeo acima: Mara Luquet dá dicas para sair das dívidas)
O educador financeiro Mauro Calil alerta: quanto mais fácil, mais caro o empréstimo. "Se alguém vai te dar crédito com o nome sujo, vai te emprestar com o juro mais alto. Aquelas propagandas na TV que prometem empréstimo sem verificação no Serasa só conseguem isso porque o juro é tão alto e absurdo que eles não estão nem aí. Se o tomador pagar uma ou duas parcelas, eles já estão no lucro", diz Calil.

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